De acordo com a Wikipedia, adaptação escolar é o período em que a criança tem para acomodar-se e integrar-se à escola. Para que a adaptação aconteça ela precisa acostumar-se com o ambiente educativo, à rotina escolar e socializar-se com os professores e colegas de classe. Mas, para nós (mães, pais e responsáveis pela criança), é muito mais que isso. É o momento em que delegamos os cuidados das nossas crianças ou bebês para professores e cuidadores da instituição em que depositamos nossa confiança. Por aqui, muitas dúvidas surgiram na adaptação escolar, não importando se mãe de primeira ou segunda viagem.
Posso dizer que a minha primeira experiência com adaptação escolar foi tranquila. Minha primogênita ingressou na escola de Educação Infantil com apenas 1 ano e 2 meses e assim que a deixei na porta, ela entrou com confiança. Ela não chorou, não me deu tchau e ficou feliz ao ver outras crianças. Por dois anos, minha primeira filha resmungava apenas para deixar a escola, fazendo com que eu aumentasse seu período de permanência de quatro para mais horas por dia.
Passados quase 2 anos de matrícula da minha primogênita na escola de Educação Infantil escolhida, ocorreu uma mudança na diretoria com a qual não me adaptei, fazendo com que a trocasse de escola. Por isso, não cogitei a hipótese de matricular a Maria Julia na primeira escola escolhida para a Maria Eduarda.
Para a escolha da escola de Educação Infantil da Maria Julia, me atentei à detalhes como espaço adequado para sono, ambientes arejados, organização e limpeza da cozinha e parque ao ar livre, além de considerar um fator decisivo o fato da escola estar sediada na rua do trabalho do meu marido, possibilitando que ele a buscasse com rapidez, caso fosse necessário.
A minha filha ingressou na escola de Educação Infantil em 1° de fevereiro de 2018, numa quinta-feira. Neste dia, entrei mais tarde no trabalho para poder levá-la. Ela estava com 1 ano e 10 meses.
Ao chegar no portão da escola, apertei a campainha e alguém que estava próxima ao portão nos atendeu – este é sempre um momento tenso, por mais que você tenha visitado a escola e esteja segura da sua escolha. Então, quem nos atendeu não se identificou. Também não perguntei quem era a professora uniformizada que recebeu a minha filha, mas me lembrei de informar que era seu primeiro dia de aula, e pelo fato da minha filha não estar chorando, a professora comentou que ela estava bem, que ficaria ótima. Ressaltei que seria meu marido quem a buscaria cerca de uma hora depois e assim a professora fechou o portão, deu de costas com nosso bebê no colo e subiu as escadas para a adaptação escolar da Maria Julia. Minha pequena estava séria e foi assim que entrou na escola.
Demorei cerca de 40 minutos para chegar ao trabalho e, ao chegar, liguei para saber como ela estava. E, por incrível que pareça, não souberam dizer quem era a minha filha, não lembravam de mim e perguntaram se eu já havia visitado a escola. Pacientemente, mas com enorme estranheza, expliquei por quantas vezes já havia visitado a escola. Tive como resposta que realmente identificaram um novo bebê, mas que não identificaram que tratava-se da Maria Julia. Sem mais, meu marido passou para buscá-la alguns minutos depois.
Durante os dois primeiros dias (quinta e sexta-feira) minha pequena ficou na escola por uma hora. Durante a próxima semana, o tempo de sua permanência foi aumentando gradativamente, mas o comportamento da minha filha mudava a cada dia infelizmente para pior.
Em casa, nossa caçula se tornou uma criança mais agressiva e passou a ter ataques de raiva. Em um desses episódios misturou as palavras e disse “escola”.
Frequentados 6 dias na escola de Educação Infantil, minha filha chorava para colocar o uniforme, chorava quando reconhecia as proximidades da escola e chorava ainda mais para entrar. Uma hora depois que meu marido a deixava, eu ligava para saber como estava seu comportamento. E, as respostas eram sempre as mesmas, de que ela revezava momentos de descontração com momentos de choro e pedidos pela mamãe.
Assim, na sexta-feira da véspera do Carnaval, pedi licença no trabalho para acompanhá-la durante o período em que estivesse na escola. A vesti para o baile e entrei com ela. Me sentei em um banco de frente para a sua sala de aula onde ela não pudesse me ver. Mas, minha filha não queria se afastar de mim. Negociávamos alguns minutos de sala de aula, e ao entrar, ela chorava e me chamava. A acompanhei por cerca de uma hora, até que todos os alunos da escola se concentraram na quadra para a festa e ela aparentemente não se importaria caso eu saísse. Então, fui embora e a buscamos dentro de algumas horas.
Como ela entrava às 11 horas, deveria almoçar e lanchar na escola. Contudo, não comia. Algumas vezes aceitava colheres do almoço, outras tomava o conteúdo de uma xícara de chá de mingau e passou a vomitar na escola.
Após o Carnaval, voltamos para a permanência de apenas uma hora na escola para adaptação, mas seu comportamento piorava. Ela chorava e se agarrava ao meu marido no momento da entrada até que ele me falou que não mais a levaria para a escola, pois sofria demais ao vê-la assim. Foi então, que no dia 20 de fevereiro, foi o último dia em que a levamos para a escola.
As fotografias do baile de Carnaval foram publicadas no Facebook da escola de Educação Infantil e pude observar com mais clareza seu comportamento. Ela aparecia segurando a calça da professora responsável pela sua turma com uma das mãos. Noutra foto aparecia no mesmo lugar, mas com a professora distante dela. Na última foto da sequência, aparecia ao lado de alguns colegas, todos parados posando para a foto. Foi então que caiu a ficha sobre o que estava acontecendo. Ela chorava pois não era acolhida.
Minha família e eu primamos uma criação com apego, ou seja, atendimento consistente e amoroso das necessidades do bebê/criança. E, nesta escola de Educação Infantil, não havia este tipo de atendimento. As crianças choravam e não eram acolhidas, permaneciam chorando até que parassem ou se acostumassem não serem atendidas. Por isso, ouvia das profissionais da escola (nas diversas vezes que as procurei, seja via agenda, por telefone ou de forma presencial) de que a adaptação era assim mesmo, que logo ela se acostumaria. Tive a informação, inclusive, de que uma aluna chorou por dois meses e que, de repente, parou de chorar. Não acredito neste tipo de educação e, pelo visto, minha pequena estranhou não receber atenção.
Quando resolvi participar de uma hora da minha filha na escola, ouvi por parte da direção de que este procedimento não seria bom, uma vez que ela não deveria achar que eu sempre estaria ali ao seu lado. Percebi também que todas as crianças notaram a minha presença e, inclusive, uma delas se aproximou e disse: “Estou aqui porque a minha mãe tem que trabalhar”. Estranhei o comportamento das crianças e só fui entender esses comportamentos mais tarde.
Minha caçula frequentou a escola por onze dias úteis e tive muitos problemas com a administração da escola de Educação Infantil por encerrar o contrato sem avisá-los com 30 dias de antecedência. Contudo, como os avisaria com 30 dias de antecedência se a minha pequena não frequentou a escola nem mesmo por quinze dias úteis, não é mesmo?
Com tudo isso, trago agora algumas dicas para o ingresso do seu pequeno(a) na escola de Educação Infantil.
- Solicite que seu filho(a) passe pela adaptação escolar antes da efetivação da matrícula;
- Ao efetuar a matrícula do seu filho(a), leia atentamente todas as cláusulas do contrato;
- Não compre e entregue à direção escolar a lista de materiais escolares até que adaptação escolar tenha sucesso;
- Não compre e entregue à direção escolar a lista de livros didáticos até que adaptação escolar tenha sucesso;
- Não faça o enxoval de uniforme escolar até que a adaptação escolar tenha sucesso;
- Não pague taxas adicionais sugeridas pela escola tais como taxas para lanches ou frutas até que a adaptação escolar tenha sucesso;
E esta história teve SIM um final feliz, que venho contar no próximo post. Até lá.
Um abraço,