Anafilaxia

3 de junho de 2015

Quando descobri a Alergia à Proteína do Leite de Vaca da minha filha, a coisa que mais temia era a Anafilaxia. Mas, você sabia que ela pode ser gerada por ALIMENTOS ou NÃO?

“Muita gente confunde o termo anafilaxia com choque anafilático, mas essas doenças não são exatamente a mesma coisa. Anafilaxia é uma doença grave, aguda, que pode ser fatal e que se caracteriza pelo aparecimento de alguns sintomas de pele e outros internamente no organismo. Uma reação extremamente grave e até mesmo fatal pode ocorrer em alguns minutos após o desencadeamento!

Esses sintomas podem ser:

  1. Urticária e angioedema: Urticária é uma lesão de pele vermelha, elevada, que coça muito. Quanto mais extensa e rápida for, mais grave. O angioedema é um inchaço localizado nas partes mais moles do corpo, como lábios, pálpebras, orelhas e genitais, mas às vezes pode ocorrer de forma intensa, em quase todo o corpo. O mais grave é quando esse edema (inchaço) acomete a glote que é a parte interna da garganta. Isso pode ocasionar sufocação.
    Nem toda urticária e angioedema são causados por anafilaxia. Apenas quando de forma aguda e geralmente com evolução rápida (começa aos poucos e logo ganha grande extensão do corpo) é que é sinal de anafilaxia.
  2. Sintomas respiratórios: espirros, coceira em olhos e nariz, obstrução nasal, hiperemia (vermelhidão) ocular e lacrimejamento, tosse seca, falta de ar, chiado no peito, sensação de garganta apertada, alteração de voz, sensação de aperto no peito.
  3. Sintomas gastrointestinais: náusea, vômito, cólicas, diarréia.
  4. Sintomas cardiocirculatórios: queda de pressão arterial, taquicardia (batedeira), palidez.
  5. Sintomas neurológicos: lipotímia (desfalecimento), perda da consciência, sensação de que está distante, desmaio, liberação de esfíncteres (perda de fezes e urina). Quanto mais sintomas, principalmente cardíacos e neurológicos, mais grave é a anafilaxia. O “choque” é uma condição clínica onde há falência da circulação, ou seja, o sangue não consegue chegar até os órgãos periféricos por causa da queda da pressão arterial e alterações da microcirculação. É uma situação gravíssima, com alta mortalidade.

Existem várias causas de choque e a anafilaxia é uma delas. Portanto, o choque anafilático é uma forma de anafilaxia.

É muito importante se reconhecer prontamente os primeiros sintomas da anafilaxia, pois o tratamento rápido é fundamental para que a doença não evolua até o choque. Outra causa de morte pela anafilaxia é a sufocação, quer pelo edema de glote, quer pelo broncoespasmo (fechamento dos brônquios). Há ainda a possibilidade de a pessoa enfartar já que durante uma crise anafilática ocorre um espasmo das coronárias (diminuição do calibre interno das artérias que irrigam o coração) e se a pessoa já tiver uma alteração prévia, como placas de ateroma (aterosclerose) a anafilaxia poderá ser “a gota d´água” para o infarto agudo de miocárdio.

Causas da anafilaxia

  1. Alimentos: Apesar de qualquer alimento poder desencadear um quadro de anafilaxia, os principais alimentos envolvidos são: leite e ovo nas crianças e peixe, castanhas e crustáceos nos adultos. Esses alimentos podem estar presentes em receitas sem uma identificação explícita ou mesmo contaminando outro alimento durante sua preparação, quando utensílios como facas e colheres são usados para o preparo de duas receitas diferentes.
  2. Medicamentos: Dentre os medicamentos, os antiinflamatórios e os antibióticos são os principais causadores de anafilaxia. Os primeiros são medicamentos usados para dor e inflamação e que na sua grande maioria podem ser comprados sem prescrição médica, o que facilita o acesso e o risco de reações adversas ocorrerem. Os principais representantes desse grupo são: dipirona, ácido acetil salicílico (AAS) e o diclofenaco. Apesar de qualquer antibiótico poder causar reação alérgica, o mais comum são os da classe das penicilinas, como amoxacilina e penicilina benzatina (Benzetacil®). Os anestésicos também podem causar reações alérgicas. Eles são classificados em locais, geralmente usados em procedimentos dentários e suturas na pele, ou sistêmicos, aqueles usados por via inalatória ou injetável nas cirurgias.
  3. Insetos: Os insetos (abelhas, formigas e vespas) são responsáveis por muitos casos de anafilaxia através da inoculação do seu veneno no organismo da vítima.
  4. Látex: O látex (borracha natural), usado em vários produtos hospitalares e de uso doméstico, é responsável por um grande numero de reações alérgicas. Há basicamente dois grandes grupos populacionais com grande risco de desenvolver alergia ao látex. São os profissionais da área de saúde, como médicos e enfermeiros, e os pacientes com espinha bífida. Os dois grupos são de risco por estarem em contato frequente com o látex, principalmente das luvas, que geralmente são feitas desse material. Interessante citar que portadores de alergia ao látex podem também desenvolver alergia alimentar, principalmente por frutas e legumes.
  5. Raras: Entre as causas raras de anafilaxia encontra-se:
    • Anafilaxia associada ao sêmen (fluido seminal), onde a pessoa faz reação alérgica após o contato com o mesmo;
    • Anafilaxia por aeroalérgenos, onde alimentos contaminados por ácaros desencadeiam a reação após a sua ingestão;
    • Mastocitose, onde células de defesa do organismo (mastócitos) desencadeam a reação alérgica após estímulos variados;
    • Anafilaxia desencadeada por exercício, onde a pessoa apresenta reação alérgica após atividade física quando associado a ingestão de algum alimento ou medicamento. Nesse caso, os principais alimentos envolvidos são: trigo,crustáceos, amendoim, milho, leite, pêssego, soja e alimentos contaminados por ácaros. Entre os medicamentos, os principais são os antiinflamatóriose os antibióticos;
    • Anafilaxia ao frio, que pode ocorrer após banhos frios, principalmente em piscinas e cachoeiras.
  6. Idiopática: Quando nenhuma causa é identificada após a investigação diagnóstica, dizemos que a anafilaxia é de causa idiopática (sem causa conhecida).

Quem está em risco?

Infelizmente, as alergias são imprevisíveis. É comum os pacientes ficarem muito surpresos com sua primeira reação e perguntarem como pode ser isso se nunca tiveram isso anteriormente.

Existe a predisposição genética, que se chama atopia. Mas nem todos os indivíduos atópicos irão desenvolver uma alergia grave.

Quem está mais vulnerável a desenvolver uma crise anafilática grave é justamente quem já teve uma anteriormente. E se a reação alérgica grave vier associada com alguma dessas outras condições clínicas, então o risco é maior:

  • Asma, principalmente mal controladas
  • Gravidez
  • Extremos de idade
  • Problemas psiquiátricos
  • Ingestão de álcool e/ou drogas

Por que a ASBAI está tão interessada em divulgar esse problema?

A resposta é: porque ele está crescendo!

Calcula-se que um em cada 200 atendimentos nos serviços de emergência sejam para tratamento de reações alérgicas graves. Através de estudos epidemiológicos estima-se que existam entre 50-2.000 episódios de anafilaxia para cada 100.000 pessoas e, portanto, 2% aproximadamente da população já teve pelo menos um episódio de anafilaxia ao longo de sua vida. Além disso, pesquisas recentes indicam que o total de admissões hospitalares por reações alérgicas graves teve um incremento de sete vezes nos últimos 10 anos. E isso tem ocorrido principalmente pelo aumento de anafilaxia por alimentos. Já foram descritos mais de 120 tipos diferentes de alimentos capazes de provocar anafilaxia e a lista não para de crescer.

A Medicina desconhece as razões exatas para esse aumento de reações alérgicas graves, mas especula-se que mudanças no modo de viver e de se alimentar, alterações ambientais, etc. possam estar alterando a resposta imunológica normal.”

Fonte: ASBAI – Anafilaxia Brasil

Além dos sintomas respiratórios, a principal reação da APLV da minha filha era a urticária. Foi a urticária que me fez levá-la ao hospital quando ficou internada e logo em seguida descobrimos a APLV da pequena (como contei no post A descoberta da Alergia à Proteína do Leite de Vaca – APLV). Meu marido é alérgico à antiinflamatórios não hormonais, como a dipirona, e uma pequena dose do antiinflamatório causa a angioedema.

A Anafilaxia me assusta tanto porque Anafilaxia = Emergência.

Um abraço,

Mari.

O Blog Desafio Mamãe foi criado após a descoberta da alergia à proteína do leite de vaca (APLV) da minha filha quando ela tinha 3 anos. A partir daí, decidi compartilhar com leitores de vários cantos do país resenhas de produtos para alérgicos à proteína do leite de vaca e informações sobre esta alergia, no intuito de ajudar pais de crianças alérgicas ou pessoas alérgicas que passam pela mesma situação. E, procurando recentemente por um post do Blog em que explico o que é a APLV, percebi que nunca escrevi um post em que explicava o que é esta alergia.

APLV: Alergia à Proteína do Leite de Vaca

“A APLV é um tipo de alergia alimentar (AA), reação anormal do sistema de defesa do organismo às proteínas dos alimentos. Proteína é um tipo de nutriente presente em quase todos os alimentos e indispensável ao organismo, pois após sua absorção será utilizada para a produção de enzimas, hormônios, tecidos, músculos, outras proteínas presentes no sangue, etc. Elas são moléculas grandes constituídas por um conjunto de aminoácidos ligados entre si. Essas moléculas possuem algumas regiões chamadas de epítopos, formada pela ligação de alguns aminoácidos. Esses epítopos são as regiões mais alergênicas das proteínas alimentares, ou seja, os principais locais que o sistema imunológico reconhece a proteína como “inimigo”. Após consumir um alimento, as enzimas digestivas presentes no estômago e no intestino irão digerir suas proteínas em porções muito pequenas, com um, dois ou três aminoácidos para que possam ser absorvidas e chegar à corrente sanguínea.

Os aminoácidos livres não causam alergia, pois o epítopo é formado pelo conjunto de aminoácidos ligados entre si. Muitos indivíduos podem absorver um epítopo, sem que a proteína seja completamente digerida, mas o organismo desenvolve tolerância e não reage a elas.

Porém, se a pessoa com predisposição genética a alergias absorver um epítopo de uma proteína alergênica seu sistema de defesa irá reconhecê-lo e produzirá anticorpos IgE específicos e/ou células inflamatórias que acarretarão em reações alérgicas.

Os oito alimentos mais alergênicos são: leite de vaca, soja, ovo, trigo, peixe, frutos do mar, amendoim e castanhas.

A APLV é uma reação do sistema imunológico às proteínas do leite, principalmente às proteínas do coalho (caseína) e às proteínas do soro (alfa-lactoalbumina e beta-lactoglobulina).

A alergia à proteína do leite de vaca é o tipo de alergia alimentar mais comum na infância.

Fonte: www.alergiaaoleitedevaca.com.br

Descrevi como descobri a alergia à proteína do leite de vaca da minha filha no post “A descoberta da Alergia à Proteína do Leite de Vaca – APLV“, publicado no mês de inauguração do Blog Desafio Mamãe.

Hoje tenho a informação de que ao invés do leite de soja, podíamos ter recorrido ao Estado que tem o dever de assegurar a todos os cidadãos o direito à saúde, disponibilizando os meios necessários ao tratamento adequado para garantir melhor qualidade de vida, fornecendo fórmulas infantis especiais para crianças com comprovação da APLV. Saiba mais, aqui.

E, conforme fui pesquisando sobre a APLV na internet e me especializando nos rótulos de alimentos, escrevi posts na intenção de ajudar as mamães novatas neste universo, são alguns deles:

Após um ano em dieta de exclusão de alimentos que contém proteínas do leite de vaca, iniciamos o teste de provocação (leia o post completo, aqui) com a  liberação dos alimentos antes proibidos para avaliar a reação da minha filha. Até hoje, quase 10 meses após o início do teste de provocação, minha filha não tem mais apresentado reações alérgicas às proteínas do leite de vaca.

Mas, até hoje, continuo cumprindo a missão de trazer informações sobre esta alergia no intuito de disseminar informações sobre a APLV, incluindo dicas de receitas e produtos industrializados sem proteína do leite de vaca.

Se desejar, há algumas formas de contribuir com o Blog Desafio Mamãe:

  1. Deixe aqui a sua indicação de profissional da saúde com o qual seu filho alérgico à proteína do leite de vaca faz tratamento.
  2. Envie-nos dicas de produtos sem leite de vaca.
  3. Envie-nos sua receita sem leite de vaca.

Envie o seu e-mail para [email protected].

Um abraço,

Mari.

Giz escolar tem leite de vaca

11 de fevereiro de 2015

Giz escolar tem leite de vaca

O primeiro dia de aula deixa muitos pais aflitos, mas esta aflição tende a passar rápido. Porém, para os pais de crianças alérgicas à proteína do leite de vaca a aflição é ainda maior, pois todo ambiente sem controle do leite de vaca torna-se um ambiente ameaçador para a saúde do seu filho(a). Além do leite de vaca que está presente na alimentação dos demais alunos, para os alérgicos mais um vilão é o pó do giz, que abriga em sua composição a caseína, uma proteína do leite de vaca.

Há professores que optam por usar giz sem pó para manter as mãos e as salas de aula limpas. Mas, mesmo os gizes que são rotulados como sendo anti-pó ou sem pó ainda liberam pequenas partículas no ar. Quando as crianças alérgicas inalam partículas de giz contendo caseína, podem ocorrer ataques de asma com risco de vida e outros problemas respiratórios.

Mesmo com o advento de lousas, retroprojetores e tablets, o giz é um item em sala de aula que provavelmente não será extinto em breve. Pais com crianças alérgicas ao leite, orientem seus filhos a sentar-se na parte de trás da sala de aula, onde eles são menos propensos a inalar o pó de giz.

É muito importante para a saúde de crianças alérgicas que os professores e diretores da escola tenham a consciência sobre a doença do aluno e saibam identificar uma reação alérgica. Hoje em dia, não é mais suficiente que apenas os pais estejam orientados e preparados para prevenção e tratamento dessas reações. O ideal é que familiares e a escola estejam esclarecidos e adotem atitudes e posturas de prevenção, como o uso de quadros brancos com caneta hidrográfica para inibir o contato dos alunos com alergia à proteína do leite de vaca com o giz escolar.

Fonte: Emedix

Volta às aulas com estudantes com APLV? Não deixe de:

  • Informar a escola sobre a alergia antes mesmo da efetivação da matrícula;
  • Ressaltar a importância dos professores terem sempre em mãos os telefones de contato dos pais ou familiares que podem se dirigir à escola com velocidade em caso de emergência;
  • Comunicar a escola sobre o medicamento de uso imediato em caso de reação alérgica.
  • Informar o plano de saúde e o número da carteirinha para que diante de qualquer ocorrência, a criança seja imediatamente submetida a atendimento médico;

Um abraço,

Mari.