Minha única filha recebe todo o cuidado e atenção possível de nós, seus pais. E mesmo assim, já passamos segundos de desespero ao perdermos nossa filha de vista. A primeira situação foi em uma loja de construção: meu marido estava brincando com ela enquanto eu procurava por modelos de chuveiros elétricos. Então, o chamei para pedir sua aprovação para a compra do produto quando, em seguida, perguntei pela Maria Eduarda. Ele a procurou com os olhos e disse: “estava aqui!”. Saímos desesperados por entre as prateleiras chamando por ela. A procurei por toda a loja e fui até o estacionamento. Quando voltei para perto dele, ela já estava em seu colo. Desconcertada perguntei para ela onde estava, e com seus pouco mais de 3 anos respondeu “alí”, apontando para o mostruário de portas de correr. Como meu marido estava brincando com ela de se esconder por entre as portas, quando ele parou para ver o chuveiro, ela continuou brincando. Nosso alívio foi tão grande, que não brigamos com ela, prosseguimos com a compra.

A segunda situação aconteceu poucos meses após o primeiro episódio , assim que nos mudamos para a casa onde moramos hoje. Minha filha estava na sala cantando e dançando ao assistir televisão e eu estava na cozinha quando meu marido chegou com algumas compras. Desta vez, ele não estacionou o carro na garagem, parou em frente de casa, abriu portão e o porta-malas do carro e trouxe algumas sacolas para dentro. Ao deixar as sacolas na cozinha e me dizer algumas palavras, percebi não mais escutar o barulho da minha filha na sala. Perguntei pela Maria Eduarda e ele confirmou que estava na sala. Chegando na sala, não encontrei minha filha. Com o portão da garagem aberto, entrei em desespero e comecei a chamar por ela e ela não respondia. Chamávamos cada vez mais alto e mais aflitos e ela não respondia. Procurei pelos banheiros e quartos e não a encontrei. Fui até a rua, perguntei para alguns vizinhos que estavam na sacada e nas garagens de suas casas e ninguém a tinha visto. Desta vez o meu desespero foi maior que da primeira vez, pois muitas coisas passaram pela minha cabeça, principalmente porque erámos novos no bairro, logo pensei que alguém pudesse tê-la sequestrado. Meus olhos já estavam marejados quando ela apareceu sorrateira dizendo: “1, 2, 3, Maria Eduarda”. Ela brincava de esconde-esconde com o pai, sem ele mesmo saber. Quando percebeu o nosso desespero, começou a chorar. Choramos as duas e expliquei que ela não podia se esconder desta maneira, que quando chamássemos ela precisava responder. Expliquei que brincar assim era perigoso e etc. Desde então, não tivemos mais sustos.

Hoje, dois anos mais tarde, ela tem uma liberdade maior para se afastar de nós, mas nossos olhos não se desviam dela. Com um só filho, acredito que a “vigilância” seja mais fácil, mas o fato é que nunca, jamais, devemos tirar os olhos dos nossos filhos.

Está rolando na internet um vídeo sensacional sobre o assunto, que tem servido de alerta para muitos pais. É o experimento social que mostra como é fácil raptar uma criança. Conhecido por seus vídeos no YouTube, o americano Joey Salads decidiu realizar o “experimento social” para mostrar aos pais como é fácil distrair uma criança e levá-la embora sem que ninguém perceba. Basta ter em mãos algo atrativo, como um doce filhotinho de cachorro, e ser simpático o suficiente para ganhar a atenção dos pequenos. Veja só:

Como este, há muitos outros vídeos no YouTube com experimentos sociais envolvendo crianças que nos servem como alerta, incluindo um em que a atriz de 10 anos atrai um pedófilo americano, que foi preso naquele mesmo instante. Aqui no Brasil, no entanto, sabemos o quão difícil seria para a polícia identificar que se tratava de um pedófilo. Precisamos estar sempre atentos! Eu, você, os avós, educadores, cuidadores e quem mais estiver tomando conta de uma criança.

Compartilhe este post com a alerta!

Um abraço,

Mari.

Com Licença

15 de junho de 2015

Você já ouviu falar do filme Com Licença, um documentário cujo objetivo é discutir os dilemas diários enfrentados pelas famílias para conciliar Maternidade e Carreira?

Como poucas mães, tive direito a 6 meses de licença maternidade e pude contar com mais um mês de férias, totalizando 7 meses até voltar a trabalhar. Como muitas mães, não tive escolha.

Sem ouvir falar durante um tempo sobre o andamento do projeto, a Bia Siqueira (diretora) deixou um recado na Fan Page do filme para nos tranquilizar, dizendo que o documentário vai sair. Veja só:

“Olá pessoal, depois de bastante tempo sem dar notícias, venho pessoalmente escrever e contar o porquê dessa ausência. Nossa campanha de Crowdfunding começou dia 08/03/14, dois dias depois do nascimento da minha segunda filha. Foram meses conturbados, a minha mais velha não tinha nem 2 anos ainda, e foram muitas complicações nos meses que se seguiram, desde amamentação, até a internação da minha mais velha pouco tempo depois. Mesmo assim, fizemos algumas entrevistas entre Junho e Setembro, ótimas entrevistas! E daqui pra frente só quem já viveu vai poder compreender, mas o fato é que vivi em intensidade máxima os dilemas tão discutidos no documentário. Foram meses de um mergulho profundo, muita dificuldade de lidar com tantas questões, falta de vontade completa de voltar à rotina de trabalho anterior (mesmo amando o que faço), e principalmente, realinhamento de propósitos. É, o documentário estava entranhando em mim… Era difícil estar com as meninas sem pensar nas obrigações diárias, nas contas que o marido estava segurando sozinho há tempos. Imagino que todos (ou a enorme maioria) aqui saibam bem do que estou falando. Vivemos meses bastante complicados como família, assim como milhares aqui. Hoje, acredito que tenha sido um período fundamental, de enorme crescimento e aprendizados. Estamos, hoje, dia 07/04/15, numa reta final de negociação do patrocínio. Há alguns meses venho conversando com esse possível patrocinador, e torcendo pra que o documentário ganhe essa grande força nesse momento. Independente disso, o doc vai sair. Mas, um patrocinador desse porte pode levar o projeto muito longe! Espero muito, muito em breve, trazer boas, ótimas notícias. Desculpe a ausência por tanto tempo, mas o projeto ganhou muito, e estamos todos aqui em prol dessa causa maior. Beijos, e mais uma vez, obrigada pelo apoio de cada um. Bia

Eu aguardo ansiosa! E você?

Um beijo,

Mari.

Este é o terceiro post da série Criação com Apego (releia os primeiros posts clicando aqui e aqui). E hoje falaremos sobre o segundo princípio: Alimentando com Amor e Respeito.

De acordo com a API – Attachment Parenting International, alimentar um filho envolve mais do que prover nutrientes; é um ato de amor. Seja suprindo as necessidades muito intensas de alimentação de um recém-nascido, como servindo refeições na mesa de jantar da família, os pais podem usar os momentos de alimentação como uma oportunidade de fortalecer seus laços com seus filhos.

Segundo princípio da Criação com apego: Alimentando com Amor e Respeito

No prato: arroz branco, feijão e filet de frango orgânico grelhado

“Os reflexos de procura, sucção e choro evoluíram para garantir uma proximidade da mãe ou outro cuidador, cujo bebê possa depender para atender às suas necessidades intensas. Quanto mais os pais aprendem a identificar e atender as necessidades de seus bebês, mais forte será o vínculo emocional seguro entre pais e filhos. Ainda que filhos mais velhos consigam se alimentar e comunicar suas necessidades, os pais devem continuar a respeitar os sinais que seus filhos dão para a fome, oferecer alimentos saudáveis, modelar hábitos alimentares saudáveis, e fazer os momentos de refeição também momentos para o amor e a conexão.

Amamentação e Apego

  • A amamentação satisfaz as necessidades nutricionais e emocionais de seu filho, melhor do que qualquer outro método de alimentação infantil
  • Alimente assim que o bebê der sinais, ou seja, antes que ele comece a chorar
  • A amamentação continua a ser normal e importante tanto nutricional, imunologica e emocionalmente após um ano
  • A amamentação tem muitos benefícios para ambos mãe e bebê
  • Amamentar é uma ferramenta valiosa para a mãe dar conforto ao bebê, de maneira natural
  • A “Mamada do Conforto” atende às necessidades de sucção do bebê

Alimentação com Mamadeira

  • A alimentação é uma das maneiras mais primitivas em que uma mãe pode iniciar um relacionamento de vínculo seguro com seu bebê
  • Familiarize-se com os comportamentos da amamentação, e simule-os quando estiver alimentando com mamadeira:
    • Segure o bebê quando estiver dando a mamadeira, posicionando-o próximo ao seio
    • Mantenha contato visual, fale calma e amorosamente
    • Troque de posição, de um lado para o outro
    • Alimente quando o bebê der sinais, e evite horários certos
    • Considere reservar a alimentação apenas pela mãe
    • Chupetas satisfazem a necessidade de sucção de um bebê. Segure o bebê ou a criança na posição de amamentação quando ele estiver usando chupeta
    • Associe o uso da mamadeira e da chupeta com o colo e atenção exclusiva ao bebê, para que não se tornem objetos de transição
    • Desmame da mamadeira como se fosse desmamar do peito

Desenvolvendo Através da Alimentação

  • Os pais podem se desenvolver enquanto alimentam o bebê
  • Mães afloram quando nutridas por seus parceiros
  • Os pais podem desenvolver um relacionamento com o bebê de muitas outras maneiras, além da amamentação

Introduzindo Sólidos

  • Introduza os sólidos quando sinais forem dados de que o bebê está pronto, e não com base em idade
  • Inicie aos poucos com os alimentos que não são propícios a causar alergias
  • Ofereça o seio ou mamadeira primeiro, depois os sólidos
  • Siga os sinais que o bebê dá sobre o que e quanto comer, deixe-o desenvolver seu paladar naturalmente
  • O leite materno ou artificial deve ser a principal fonte de nutrição, até aproximadamente 1 ano de idade

Desenvolvendo o Paladar para Alimentos Nutritivos

  • Desenvolva hábitos alimentares saudáveis
  • Tente fazer com que pelo menos uma refeição ao dia seja um momento de conexão e comunhão
  • Crianças precisam fazer pequenas refeições durante o dia, e não se deve esperar que elas sentem-se à mesa por longos períodos de tempo
  • Encoraje seu filho a seguir suas indicações corporais para fome e sede, para comer quando ele estiver com fome e parar quando estiver satisfeito
  • Forçar uma criança a comer, ou a comer certo alimento, é contraproducente e pode levar a hábitos alimentares não-saudáveis, e potencialmente a distúrbios alimentares
  • Evite o uso da comida como recompensa ou punição, ou fazer determinada comida (ou sobremesa) baseado no comportamento da criança
  • Ao invés de restringir o acesso a certos alimentos, considere ter apenas opções saudáveis na sua casa, e permitir que seu filho faça suas escolhas

Desmamando Gentilmente

  • O desmame inicia no momento que os alimentos sólidos são introduzidos
  • O alimento gradualmente toma o lugar do leite em termos de necessidade calórica, mas amamentar continua a atender muitas outras necessidades, como conforto e desenvolvimento
  • Se uma mãe precisar desmamar antes que o filho dê sinais de que está pronto, proceda gentilmente”

Fonte: Alimentando com Amor e Respeito

Me arrependo de não ter estudado mais sobre amamentação quando grávida da minha filha. E, embora eu tenha feito de tudo para ter mais leite, sempre duvidei da capacidade de nutrição do leite materno, e por isso introduzi a fórmula infantil como complemento (seguindo a orientação do pediatra) tão precocemente: minha filha tinha apenas um mês. Quando minha filha completou dois meses, eu já não produzia mais leite.

No post Leite de soja, contei para vocês como foi a consulta com o pediatra quando ele receitou a fórmula infantil e neste mesmo post contei que segui a orientação do livro “Nana Nenê” para controlar os horários de amamentação da minha filha. Ainda não conhecia a Livre Demanda e com certeza esse foi um dos fatores que contribuíram para a o Desmame precoce.

Certo dia, após tirar minha filha do banho, ela desatou a chorar. Ao meu lado, minha mãe aconselhou-me a amamentá-la e eu atendi ao seu pedido desacreditada que o choro poderia ser fome, pois ainda não estava no “tempo” de amamentá-la. Esta foi a “Mamada do Conforto”. Mais meia dúzia dessas eu estaria no caminho da Livre Demanda. Alguns anos depois, devorando informação sobre amamentação e maternidade como um todo, aprendi a lição.

Como minha filha não teve desde muito nova a amamentação exclusiva, não passeio pelo processo de desmame. E, o Blog Desafio Mamãe apoia a amamentação prolongada (post, aqui).

Desde que passei a complementar o leite materno com fórmula infantil passei a utilizar mamadeira. Não tinha a informação de que poderia utilizar um copinho, para estimulá-la a mamar no peito. Ao alimentá-la com mamadeira não trocava de posição (imitando a amamentação) e continuei a seguir horários. Até os seis meses e meio era eu quem a alimentava com a mamadeira em 99% das situações. Com o término da licença maternidade a função não ficou restrita à mim, e confesso não me recordar com quanto tempo minha filha passou a segurar a mamadeira, mas demorou um pouco porque era “preguiçosa”.

Quando grávida, abominava o uso da chupeta e até achava feio uma criança com chupeta. Quando minha filha nasceu, optei por não oferecer a chupeta para ela até que… Até que minha mãe insistiu, dizendo que ela seria uma criança muito mais calma por usar a chupeta e reforçava dizendo que em uma situação em que estivéssemos em um local público, seria mais fácil controlar seu choro com o uso da chupeta. Fragilizada, acabei cedendo. Ao oferecer a chupeta para a minha filha, ela cuspia. Passei um dia inteiro oferecendo a chupeta e ela cuspindo até que ela aceitou. Minha filha usou a chupeta em diversas situações, não só quando a segurava na posição de amamentação, e também não associamos o uso da chupeta com o colo e atenção exclusiva. Minha filha usou chupeta durante pouco mais de três anos, até conseguirmos dizer adeus para a chupeta (reveja o post Tchau, Chupeta!).

No dia seguinte ao que minha filha largou a chupeta, largou também a mamadeira. Foi num domingo de manhã que ofereci seu leite (O que tem no seu tetê?) no copo com canudo dizendo que o bico da mamadeira havia furado e que em breve providenciaria outra. Ela aceitou tão bem usar o copo com canudo que nunca me perguntou se já havia comprado a mamadeira nova.

A introdução dos alimentos sólidos foram realizados de acordo com a orientação do pediatra. Portanto, não sei dizer ao certo se nos baseamos na idade ou nos sinais de que minha filha estaria pronta. Não conhecia o método BLW até pouco tempo atrás para seguir os sinais que o bebê dá sobre o que e quanto comer, deixando-o desenvolver seu paladar naturalmente. Por isso hoje, faria diferente.

Quando escolhi um babá para ficar com a minha filha nos primeiros meses de vida enquanto eu trabalhava, um dos requisitos foram os hábitos alimentares. Com uma filha de 3 anos, observei que tipo de alimentação era oferecida à criança. Ficando com a babá e posteriormente com a minha mãe, sempre me preocupei se minha filha estava consumindo alimentos saudáveis. Meu marido e eu não somos bons exemplos, mas sempre acreditei que se minha filha tivesse uma boa base para a criação desses hábitos, sempre acabará optando por alimentos saudáveis. E parece que meu instinto tem dado certo, minha filha não gosta de sanduíches (apenas mini hot-dog), pizzas, refrigerantes e balas. A dieta de restrição ao leite de vaca (leia o post sobre a descoberta da APLV, aqui) que seguiu durante um ano também a ajudou criar bons hábitos alimentares.

Nunca usei a comida como recompensa ou punição. E, desde que conheci os princípios da criação com apego de acordo com a API, parei de forçar minha filha a comer, deixando de lado o velho “só mais esta colher”, a encorajando, assim, a seguir suas indicações corporais para fome e sede.

Um abraço,

Mari.