Textos maternos e paternos me fazem chorar e refletir. Na última semana, um texto de Marcos Piangers, chamado “Compra, pai”, me abriu algumas caixinhas. O texto fala que as crianças não nascem sabendo o valor das coisas e os adultos também não. Me emocionei com o texto, e refleti sobre o assunto.

Preços x Valores na infância

Sim, adoro festas infantis e não dou a mínima para levá-las agora para a Disneylândia. Com uma filha de 7 e outra de 1 ano, acredito que cantar parabéns ao redor de um bolo de aniversário marcará para sempre suas memórias afetivas, muito mais do que uma viagem em que elas poderão fazer mais para a frente.

Sim, tenho pavor de ficar longe delas durante a noite. Se por muitos anos elas poderão dormir fora de casa, porque abrir mão agora do leitinho quente antes de ir para a cama, das brincadeiras, beijos e abraços antes do “boa noite”?

Sim, já dei presentes caros para as meninas, mas tão poucos que posso contar nos dedos. Procuro presenteá-las com carinho, “festinhas” e passeios, porque estes significam presença.

Sim, sou aquela mãe que deixa as crianças porque precisa trabalhar fora para lhes proporcionar uma vida melhor, pago pelos seus estudos,  mas que aproveita com qualidade o tempo em que estamos juntas e que não desgruda delas nas férias, finais de semana e feriados.

Sim, sou aquela mãe que sofre por termos de passar um período separadas e que sente um nó na garganta aos domingos a noite por saber que nos próximos dias ficaremos menos de 24 horas juntas.

Sim, elas possuem roupa e calçados de qualidade, mas não tenho “baby Gap” ou filha “mini fashionista”. Não faço questão.

Se não for para criar minhas filhas sem egoísmo, não saberia como criá-las e educá-las. O bem estar e a alegria das minhas filhas vem antes de tudo e elas são sim minha prioridade. Esses são os meus valores. Alguns chamariam de criação com apego, e talvez seja, mas antes de tudo, criação com muito amor.

Um abraço,

Mãe de duas, já vivenciei o término de duas licenças maternidade. Sei o quanto sou privilegiada por ter tido duas licenças maternidade de 180 dias, que somando às ferias, totalizaram 210 dias de licença. Contudo, das duas vezes, foram os quase 7 meses mais rápidos da minha vida. Digo quase pois da minha primeira filha saí de licença faltando 15 dias para o parto e da minha segunda filha saí de licença faltando cerca de 10 dias para o parto. Portanto, tive de encarar de frente, por duas vezes, a difícil decisão de continuar ou não trabalhando fora de casa.

Para mim, o momento do retorno ao trabalho é um dos momentos mais difíceis da maternidade. Mais difícil do que ficar longe delas por muitas horas do dia, só quando passam por um problema de saúde.

Mas, depois de alguns meses após a volta ao trabalho, sinto que a decisão foi acertada, como contei em um dos textos que mais gosto do blog “Mamãe em tempo integral”.

Contudo, tirando a saudade de carregar o bebê nos braços durante todo o dia, por que nos sentimos tão culpadas por voltar a trabalhar? Porque a sociedade cobra que a mulher pare de trabalhar para cuidar dos filhos, independente se esta mulher pode contar com a ajuda da família na criação dos filhos, independente se esta mulher e seus filhos são financeiramente dependentes do seu trabalho, independente se esta mulher gosta e se realiza trabalhando fora, independente se esta mulher possui tempo de qualidade com os pequenos.

E, após engravidar do segundo bebê, percebo que esta cobrança foi e é ainda maior: “Ahhh, agora você para de trabalhar, nééé? ”

O fim da licença maternidade

Contudo, optar por voltar a trabalhar após o fim da licença maternidade não se trata de “economizar”, viver sem “luxo”, trata-se da mulher ocupando um espaço pelo qual gerações de mulheres lutaram para ocupar. Trata-se de garantir qualidade em saúde e educação para seus filhos (serviços caros no país em que vivemos e que pressupúnhamos ser dever do Estado). Trata-se de garantir o sustento da família caso algo aconteça com o outro que hoje se responsabiliza por isso. E, muitas vezes, trata-se de ter uma renda para ajudar a sair de um relacionamento abusivo.

Com certeza, o fim da licença maternidade foi difícil para mim e para tantas outras mulheres. No domingo a noite dói o peito ao lembrar que por tantas horas da semana que se inicia estaremos longe dos nossos bebês. Mas, trago a minha primeira experiência como mãe da Maria Eduarda para aliviar o coração: com o tempo as peças do quebra-cabeça que parecem ter se perdido com o nascimento do bebê são encontradas e se encaixam. Uma nova rotina é estabelecida e não deixaremos de vivenciar as descobertas do bebê, o vínculo entre mãe e filho são reforçados a cada dia para sempre e o tempo ao lado dos nossos pequenos se tornam tão preciosos que os vivemos com intensidade e dedicação de quem sabe o quão esses momentos são valiosos.

Um abraço,

São conhecidos os pronomes de tratamento. Já fui senhorita, hoje sou senhora, madame (em francês, senhora), dona. E, preferencialmente, você (contração de Vossa Mercê). Eventualmente, quando estou com minha(s) filha(s), me chamam de “mãezinha” (Isso provavelmente acontece com você também, principalmente se seu filho(a) ainda for bebê).

Para mim, vulgo  “mãezinha”, pois assim como não gosto do termo “mãe em tempo integral” (como expliquei neste post), também não gosto de ser chamada de “mãezinha” por pessoas que desconhecem inclusive meu primeiro nome. Minhas filhas podem me chamar de mãe, mamãe, mãezinha, mainha e qualquer variante da palavra mãe. Agora, pessoas que mal me conhecem, por favor, não me chamem de “mãezinha”.

Minha caçula começou com tosse sexta-feira a noite, no entardecer do domingo a tosse piorou. Segunda-feira, às 08 da manhã, ligo para o pediatra informando tal situação. Seguindo as instruções do pediatra há 2 dias e sem melhoras, a levo para o pronto-socorro na quarta-feira. O pediatra mal a examina e receita: “Xarope de 8 em 8 horas, mãezinha”.

Minha filha mais velha chora para voltar para a escola depois das férias e se queixa que determinado coleguinha bate nas outras crianças. Após o retorno às aulas, minha filha volta a se queixar que o mesmo coleguinha bateu em outra criança, bateu em suas costas e a ameaça constantemente com o olhar e fazendo gestos com as mãos. Sem querer esperar pela reunião de pais e professores, envio reclamação via agenda e cobro providências. A professora responde: “Conversamos com o aluno, mãezinha”.

Sábado ensolarado, coloco a mais nova no carrinho e levo minhas filhas para o parque com o propósito de expô-las aos raios solares. Encontro muitas pessoas desconhecidas. Uma delas aproveita a ocasião e faz perguntas: “Quanto tempo ela tem?” – se referindo à caçula. “Qual a idade dela?” – se referindo à mais velha. “E agora, não vai tentar um menino, mãezinha”?

Mãezinha, só para as minhas filhas!

Ao meu ver, ser chamada de “mãezinha” pelos médicos significa que não sei absolutamente nada sobre a ciência médica e que estou exagerando em relação aos sintomas da minha filha. Doutores e enfermeiros, por favor, não se enganem! Uma mãe pode reconhecer os sintomas de uma enfermidade muito mais rápido do que você, pois conhece o seu filho.

Ao meu ver, ser chamada de “mãezinha” pelos professores, significa que não entendo nada de pedagogia e que estou apenas me queixando da escola. Professores, por favor, não se enganem! Uma mãe pode conhecer as dificuldades do seu filho e reconhecer situações mais graves muito mais rápido do que você, pois conhece o seu filho.

Ao meu ver, ser chamada de “mãezinha” por pessoas que não me conhecem muitas vezes não significa empatia, mas julgamento. Ei você, que tem o costume de chamar mulheres acompanhadas de seus filhos de “mãezinhas”, por favor, não se engane! Esta mulher também tem vida própria, pode fazer e ser uma infinidade de coisas, exceto a SUA mãe.

Abraços,