Recentemente a rede social Instagram da Morgana Secco, mamãe da Alice, atingiu a marca de 2 milhões de seguidores. O motivo de tanto sucesso é a dicção da pequena Alice, de apenas 2 anos.
De acordo com a mamãe Morgana, a Alice disse as primeiras palavras entre os 7 e 8 meses de idade. E, a partir de 1 ano ela passou a dizer as palavras maiores.
Inevitavelmente, temos a tendência de fazer uso da comparação. Por isso, em comparação à Alice, nos perguntamos: quando devemos nos preocupar com o atraso de linguagem dos nossos filhos?
Assim, no post de hoje, conto com a ajuda da fonoaudióloga e especialista em linguagem e desenvolvimento infantil Raquel Luzardo para nos explicar quando pode estar acontecendo atraso na linguagem.
“O avanço e o amadurecimento da linguagem dependem, também, dos estímulos que a criança recebe do ambiente.
O Atraso de Linguagem diz respeito a um início tardio no desenvolvimento da linguagem da criança.
A forma como a criança utiliza a linguagem seria considerada normal em uma faixa etária anterior, ou seja, o seu nível de desempenho linguístico estaria aquém daquilo que é esperado pelo meio.
Tendo em vista que por volta de um a dois anos de idade a criança deveria ter começado a adquirir e a usar a linguagem, temos que ficar atentos quando isso não ocorrer, pois algum problema poderá estar interferindo nesse processo.
Segundo Zorzi, existem dois tipos de atraso de linguagem:
- Embora a criança já tenha atingido ou até mesmo ultrapassado a idade cronológica esperada, não conseguiu adquirir a linguagem. O atraso manifesta-se na forma de ausência de linguagem verbal no comportamento infantil.
- Uma segunda forma de atraso de linguagem pode ser observada em crianças que, embora já estejam usando palavras para se comunicar, têm uma linguagem que não se desenvolve com a mesma velocidade e complexidade constatadas na evolução das demais crianças.
Sendo assim, o atraso de aquisição de linguagem ocorre quando a criança não apresenta um nível de linguagem adequado em comparação ao esperado.
Causas:
Conforme Fonseca (1994), o desenvolvimento da linguagem depende de dois fatores: Um orgânico/afetivo com as características individuais de cada criança, e outro social resultante do potencial ambiental edificado pelo grupo a que a criança pertence.
Danos cerebrais devidos a traumatismos ou doença, ocasionando disfunção e déficits neurológicos, estão entre as causas orgânicas. Uma criança que apresente um sinal neurológico provavelmente irá apresentar um déficit linguístico.
Também se enquadram nessa categoria crianças com privação sensorial, como na deficiência auditiva.
A deficiência mental dificulta o reconhecimento dos significados e de suas possíveis inter-relações. Se uma criança demonstra um atraso global no seu desenvolvimento neuropsicomotor, fica claro que a linguagem também estará comprometida.
Várias síndromes também apresentam como característica uma linguagem deficitária.
No âmbito afetivo, problemas emocionais, como em crianças emocionalmente imaturas que não aprendem a falar por temer ou rejeitar as relações comunicativas, ou talvez, pela dificuldade em encontrar as palavras para expressar seus sentimentos.
No autismo, a criança demonstra grande resistência à interação verbal com seu interlocutor.
No que diz respeito aos problemas ambientais, podemos citar a privação de experiências, em que as condições familiares são desfavoráveis ao desenvolvimento da fala, com situações tensas ou agressivas.
O abandono ou, em outro extremo, a superproteção, com excesso de cuidados com a criança, também dificultam a aquisição da linguagem, já que os pais tendem a tentar adivinhar o que ela quer, respondendo prontamente a um simples gesto indicativo.
Tratamento:
O diagnóstico precoce é muito importante para que haja uma intervenção terapêutica sem demora. O fonoaudiólogo irá acompanhar a criança, intervindo de maneira eficaz para ampliar sua linguagem oral e oferecer modelos adequados de interação comunicativa entre a criança e a sua família.
O tratamento fonoaudiólogico é de suma importância, mas para que o trabalho alcance seu objetivo, torna-se fundamental que haja uma parceria entre escola/clínica/família, na qual a criança sinta-se mais segura e com total respaldo para desenvolver-se plenamente.”
Para finalizar este post tão importante para nós, pais ou responsáveis, deixarei os vídeos que encontrei nos meus arquivos pessoais da Maria Eduarda e da Maria Julia nesta fase inicial do desenvolvimento da linguagem.
Embora a Maria Julia tenha demorado mais para desenvolver a linguagem do que a Maria Eduarda, ela não apresentou atraso na linguagem e teve uma rápida evolução dos 2 anos aos 2 anos e meio.
Qualquer dúvida sobre o desenvolvimento da fala do(a) seu(ua) filho(a), não hesite em consultar um(a) especialista em linguagem e desenvolvimento infantil.
Um abraço,