Disgrafia

15 de outubro de 2020

Desde quando escrevi o post Por que optamos pela terapia fonoaudiológica? tenho recebido mensagens perguntando se a troca acentuada de letras na escrita da Maria Eduarda é disgrafia. E a resposta é não, não é disgrafia. Recentemente, realizamos um exame para diagnosticar um possível DPAC – Distúrbio do Processamento Auditivo Central, também chamado de Disfunção Auditiva Central ou Transtorno do Processamento Auditivo.

Mas, o que é disgrafia?

Mais uma vez, quem nos ajuda respondendo à pergunta é a Raquel Luzardo, fonoaudióloga e especialista em linguagem e desenvolvimento infantil.

Crédito da imagem: Freepik

A disgrafia é caracterizada por problemas com a linguagem escrita, que dificulta a transmissão de ideias e de conhecimento.

Essas pessoas podem ter o traçado de números e letras comprometido cometendo erros ortográficos graves ao omitir, acrescentar ou inverter sílabas ou letras.

As dificuldades características são a falta de domínio do traçado da letra, subindo e descendo a linha demarcada para a escrita. Em alguns disgráficos, essa característica faz com que a escrita fique ilegível, apesar de que eles mesmos consigam entender e ler o que escreveram. É comum que eles também tenham dificuldades em cálculos.

Os problemas mais frequentes são:

  • Inversão de sílabas;
  • Omissão de letras;
  • Escrita de letras espelhadas;
  • Escrita contínua ou com separações incorretas.

Para uma pessoa que apresenta disgrafia, anotar um simples recado em uma folha pode ser muito difícil, pois ela tem que controlar a posição da mão que escreve com a coordenação do direcionamento espacial necessário à grafia da letra, integrados aos movimentos de fixação e movimentação da visão. Por isso, às vezes podemos ver que o disgráfico inclina sua cabeça na tentativa de ajustar distorções de imagem em seu campo de visão.

A maior dificuldade do disgráfico está na coordenação motora fina. Os trabalhos em grupo que estimulem o desenvolvimento – como dobraduras – podem ajudar muito esses alunos!

Algumas crianças, nos primeiros anos de vida, podem apresentar indícios de que na fase escolar há possibilidade de se tornarem disgráficas. É importante ficar atento aos seguintes sinais: atrasos no desenvolvimento da marcha e dificuldades para subir e descer escadas, para andar em bases desniveladas ou em balanço, ao tentar aprender a andar de bicicleta, no uso de tesouras, ao amarrar o cadarço do sapato, etc.

Principais características dos disgráficos:

  • São crianças conhecidas por terem ‘letra feia’;
  • Demoram bem mais para fazer uma atividade em comparação com as outras crianças;
  • Retocam as letras muitas vezes;
  • Apresentam letras ilegíveis;
  • Amontoam as letras;
  • Têm má organização da página e das letras;
  • Texto desordenado;
  • Espaços entre as linhas e palavras irregulares, linhas mal mantidas;
  • Dimensões exageradas (muito grandes ou pequenas);
  • Desproporção entre pernas e hastes;
  • Preensão e suporte inadequados dos instrumentos de escrita;
  • Ritmo de escrita muito lento ou muito rápido;
  • Excessiva inclinação da folha ou ausência de inclinação;
  • Dificuldades de imitar o que vê (martelar, amarrar sapatos, fazer mímicas)

Raquel Luzardo, casada com o Yan e mãe do Gabriel, é Diretora da Clínica FONOterapia com atuação em atendimento infantil, orientação familiar e assessoria escolar.

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