Desde quando escrevi o post Por que optamos pela terapia fonoaudiológica? tenho recebido mensagens perguntando se a troca acentuada de letras na escrita da Maria Eduarda é disgrafia. E a resposta é não, não é disgrafia. Recentemente, realizamos um exame para diagnosticar um possível DPAC – Distúrbio do Processamento Auditivo Central, também chamado de Disfunção Auditiva Central ou Transtorno do Processamento Auditivo.
Mas, o que é disgrafia?
Mais uma vez, quem nos ajuda respondendo à pergunta é a Raquel Luzardo, fonoaudióloga e especialista em linguagem e desenvolvimento infantil.
A disgrafia é caracterizada por problemas com a linguagem escrita, que dificulta a transmissão de ideias e de conhecimento.
Essas pessoas podem ter o traçado de números e letras comprometido cometendo erros ortográficos graves ao omitir, acrescentar ou inverter sílabas ou letras.
As dificuldades características são a falta de domínio do traçado da letra, subindo e descendo a linha demarcada para a escrita. Em alguns disgráficos, essa característica faz com que a escrita fique ilegível, apesar de que eles mesmos consigam entender e ler o que escreveram. É comum que eles também tenham dificuldades em cálculos.
Os problemas mais frequentes são:
- Inversão de sílabas;
- Omissão de letras;
- Escrita de letras espelhadas;
- Escrita contínua ou com separações incorretas.
Para uma pessoa que apresenta disgrafia, anotar um simples recado em uma folha pode ser muito difícil, pois ela tem que controlar a posição da mão que escreve com a coordenação do direcionamento espacial necessário à grafia da letra, integrados aos movimentos de fixação e movimentação da visão. Por isso, às vezes podemos ver que o disgráfico inclina sua cabeça na tentativa de ajustar distorções de imagem em seu campo de visão.
A maior dificuldade do disgráfico está na coordenação motora fina. Os trabalhos em grupo que estimulem o desenvolvimento – como dobraduras – podem ajudar muito esses alunos!
Algumas crianças, nos primeiros anos de vida, podem apresentar indícios de que na fase escolar há possibilidade de se tornarem disgráficas. É importante ficar atento aos seguintes sinais: atrasos no desenvolvimento da marcha e dificuldades para subir e descer escadas, para andar em bases desniveladas ou em balanço, ao tentar aprender a andar de bicicleta, no uso de tesouras, ao amarrar o cadarço do sapato, etc.
Principais características dos disgráficos:
- São crianças conhecidas por terem ‘letra feia’;
- Demoram bem mais para fazer uma atividade em comparação com as outras crianças;
- Retocam as letras muitas vezes;
- Apresentam letras ilegíveis;
- Amontoam as letras;
- Têm má organização da página e das letras;
- Texto desordenado;
- Espaços entre as linhas e palavras irregulares, linhas mal mantidas;
- Dimensões exageradas (muito grandes ou pequenas);
- Desproporção entre pernas e hastes;
- Preensão e suporte inadequados dos instrumentos de escrita;
- Ritmo de escrita muito lento ou muito rápido;
- Excessiva inclinação da folha ou ausência de inclinação;
- Dificuldades de imitar o que vê (martelar, amarrar sapatos, fazer mímicas)
Raquel Luzardo, casada com o Yan e mãe do Gabriel, é Diretora da Clínica FONOterapia com atuação em atendimento infantil, orientação familiar e assessoria escolar.