Minha filha nasceu em janeiro de 2010 e seu nascimento foi muito esperado por toda a família. Meu marido e eu planejamos a sua chegada, conforme citei no post O planejamento do nosso bebê, e por ser a primeira e ainda única neta tanto dos avós maternos quanto paternos, sempre foi muito querida.
Seu nascimento foi celebrado por todos, já na maternidade recebemos mais de 30 visitantes. E, ao chegar em casa, seu quarto e seu enxoval estavam completos.
Após chegarmos da maternidade, o que eu não esperava era o sentimento de melancolia, tristeza e fortes alterações de humor, acompanhada pela sensação de incerteza sobre o que viria pela frente e pelo sentimento de que estava”refém” da situação.
Enquanto meu marido estava em casa, o sentimento desaparecia. Porém, assim que ele passava pela porta que dá acesso à rua, um sentimento de vazio tomava meu coração e era como se o bebê que eu tanto desejei se tornasse responsabilidade demais para mim. Enquanto cuidava da minha filha, maravilhada pela sua existência, me distraia e me sentia melhor. Em seus momentos de sono, no entanto, me perguntava o que fazer e era tomada pela melancolia e sentimento de tristeza.
Eu, que desde que me casei, me sentia independente (até as compras para seu chá de bebê fiz sozinha), sentia como se a partir dali nunca mais teria autonomia e liberdade para fazer o que quisesse, quando quisesse.
E quando a minha filha chorava, eu me desesperava em silêncio, era como seu eu não fosse capaz de cessar seu choro. Meu apetite também desapareceu, se eu não tivesse alguém que fizesse por mim, eu não me alimentava. Em suas sonecas diurnas, me pagava chorando com o coração apertado fazendo o que quer que fosse.
As opiniões não solicitadas e as atitudes invasivas pioram muito o estado da mamãe nesta fase. Por isso, não permita que terceiros interfiram nesta nova relação pela qual sua família passa, a chegada de um novo membro.
Além do meu marido, pude contar com a ajuda de uma pessoa que posteriormente foi babá da minha filha, para cuidar da casa. E, para cuidar de mim, pude contar com os meus pais, mais precisamente com a minha mãe que me fazia companhia durante a ausência do meu marido.
Não deleguei os cuidados da minha filha à ninguém. Isto só aconteceu quando ela tinha 7 meses e meio e eu precisei voltar a trabalhar. Primeiramente ela ficou aos cuidados da babá e mais tarde acabei optando por dividir seus cuidados entre a escola e a vovó.
Até então, nunca tinha ouvido falar em “Blues puerperal”, ainda assim não cogitei a hipótese de depressão pós-parto. Geralmente, o “Blues puerperal” está ligado a mudanças hormonais que acontecem dias depois do parto, quando os hormônios da gestação desaparecem e a produção de leite se inicia.
Aos poucos minha mãe deixou de visitar-me para me fazer companhia e as coisas começaram a entrar nos eixos. Me adaptei à nova vida dentro de poucos meses. Nesta fase, precisamos ter em mente que o tempo passa muito rápido e que nosso bebê crescerá com a mesma velocidade.
Na foto abaixo, minha filha estava com 29 dias.
Colegas e amigas, mães de “mais de 1”, dizem que com o segundo filho o “Blues puerperal” acontece com menor intensidade. Será?
Um abraço,
Mari.